terça-feira, 31 de agosto de 2010
Não estás na rua? Estás em casa a ler um livro?
Esta posta. Pela liberdade de não dizer comunicar. E por uma outra liberdade que está cada vez mais a ser esmagada. A liberdade de não viver em Lisboa.
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Demasiada areia para a minha caminheta
Por exemplo, a Eva Green. A Eva Green é claramente areia a mais para a minha caminheta. Não porque me fosse impossível sacar a Eva Green – é provavelmente muito difícil, mesmo supondo que os nossos caminhos se cruzassem. E daí quem sabe, pode ser que tenha uma fixação por gajos altos que falem francês com sotaque não-geográfico e com uma ligeira protuberância na zona lombar a trair uma prodilecção pelo consumo regular de alcoól. Mesmo sem esta conjunção, é óbvio que não existe nenhuma falta de capacidade – como sugerido na expressão a areia que é demasiada – em eu conseguir seduzir a Eva Green. Aliás, qualquer gajos que saiba de gajas sabe que isto às vezes um gajo chuta de qualquer maneira e a bola entra, como aquele cabrãozito da Académica. Enfim. Se penso muito nisso é que nem nas minhas hipotéticas consigo sacar a Uma Thurman, quanto mais, e depois é adeus masturbação e olá terapia do sexo. Concentremo-nos.
Suponhamos que eu saco, portanto, a Eva Green. O que é que eu faço com a Eva Green? Leio-lhe o El País de Sábado? A Bola? Onde é que eu levo a Eva Green? Ao quiosque onde vou buscar o El País de Sábado e A Bola? A Eva Green é um portento. É toda uma ocasião. O que é que visto para estar com a Eva Green? Pedir a um gajo como eu para menear uma Eva Green é como pedirem-me para conduzir um helicóptero. Posso meter-me lá dentro e brincar aos pilotos, mas não faço puto de ideia o que fazer com aquilo. A Eva Green tinha que ficar na garagem a apanhar pó, coisa que não ficava bem, nem a mim, nem a ela. Ao fim de alguns dias, e antes que acabasse o defeso, era obrigado a vender a Eva Green ou a trocar por um modelo mais económico. Uma Natalie Portman, ou assim. - Não tem com menos rodagem? - Tem a Mila Kunis. - Pode ser, homem, tamos cá é para isso.
(e não se esqueça do troco)
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Leite
Serve de prelúdio que algum tempo antes fui proibido de ver o remake do Psycho do cavalheiro em questão por asco paternal. Até hoje.
Mas portanto o Milk. O James Franco é podres da bom. Mas quem dava mesmo tesão, aquela tesão que vem de cima, era a personagem do Emile Hirsch, um paneleirinho de óculos de massa chamado Cleve Jones. A sugestão deu-se pela boca do Milk ("You're adorable") e segue pela descrição de uma drag queen num motim em barecelona (hum!) a levar com uma bala de borracha no toutiço.
Quis ter aquele rapaz para mim. Também queria brincar.
É-me muito interessante o quanto se teve que sofrer, e o quanto ainda se sofre, para se poder levar no cu à vontade, ou, se preferirem, à larga. Não haverá outro movimento que nos ensine tão bem que a repressão e a opressão são fenómenos mentais, como o é a liberdade. Os tecidos legais, policiais, etc., são, portanto, manifestações rudes da mente (pessoal ou colectiva) em estado reactivo.
É extraordinário. É extraordinário e anula (ou completa, ou aparece ao lado, ou a seguir, e tudo ao mesmo tempo. Corrijo. Anula e também completa e também aparece a seguir sem tocar e também aparece ao lado a tocar e a lambuzar todo) e é extraordinário, dizia eu, que se passe por uma questão que é a do livre-uso do corpo. Corpo, mente, também.
É preciso apreender. Também é preciso ter calma, senão explode tudo. Fumem um charro ou assim. Ou levem no cu, que faz bem, sabe bem e reduz a ansiedade.
P.S.: Mais alguém ficou com a ideia sinistra que o Harvey Dent e o Harvey Milk são a mesma coisa, quer dizer, de um certo ponto de vista de que o meu é um caso particular porventura único e para saber se sim ou se não faço esta pergunta?
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
The Robot
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Hipótese de trabalho II
to choose the creative over the destructive is an all-creative trip composed of both order and disorder.
A lógica do senhor Tauto não sustendo, as possiblidades são entusiasmantes.
Em relação ao Miguel Bonneville
O Miguel Bonneville escreveu uma carta aberta. Ora então.
Eu gosto do Miguel Bonneville. O Miguel Bonneville é um indivíduo, uma pessoa que existe, um ente criador. E decidiu escrever uma carta a "Pacheco Pereira". E escreve a carta como se o designado "Pacheco Pereira" fosse, como ele, um indivíduo que existisse. Nada mais falso. Aquilo a que se decidiu chamar "Pacheco Pereira" não existe. "Pacheco Pereira" é uma invenção dos filhos da puta. Que um ente criador, o Miguel Bonneville, responda a "Pacheco Pereira", confere-lhe, pela sua qualidade de criador, uma existência. Uma existência fugaz? Uma existência que começa e acaba com a carta que o Miguel Bonneville escreve? É uma questão pertinente, uma questão engraçada, talvez uma questão importante. Mas é, neste caso, irrelevante. Peço encarecidamente ao Miguel Bonneville que não dê mais carácter de existência a este "Pacheco Pereira", para que se possa voltar a arrumar no armário com os outros seres imaginários.
E é tudo.
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Hipótese de trabalho
Seja. Ando aqui com um nó no peito. Deve ser daquela pessoa com quem fui feliz, sem cognato visível na minha vigília, que só descobri hoje. O choque de saber haver no passado da minha vida alguém sem representação na minha vigília indica um qualquer tipo de supressão finalmente levantada, o que, como é evidente, deixa as suas mazelas.
Há que aprender os truques para chegar à lucidez. O sonho lúcido para onde se salta, como com um interruptor - interromper a ilusão -, nesta representação que é a vigília. A isso se referem, quando se referem, à Iluminação.
Que tal vos parece?
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Chaves I
Pois é, Chaves. E perguntam como é um domingo em Chaves? Eu conto-vos do meu Domingo em Chaves. Levantar de manhã (não muito de manhã, mas de manhã. Aí às 10 e pouco) e tomar um pequeno almoço do que praí houver (uma fatia de folar de Chaves, no caso) beber água (não há mais nada, ainda não tenho frigorífico) num copo que ontem foi utilizado para beber absinto. Não há de ser nada, é uma concentração homeopática e serve para dar o doce de que necessitam as bebidas consumidas pela manhã. Abrir a janela e olhar o vale do Tâmega, enquanto se usa o parapeito como suporte (ainda não tenho mesa). Dia bonito. Ver se temos tudo (como mais tarde se verá, não tínhamos) e descer en ville.
As missões para hoje (além de tomar café e comer quando se tiver fome) são as seguintes: descobrir onde é e a que hora joga o Benfica (refiro-me, é claro, à Casa do Benfica do Alto Tâmega) e comprar o El País de ontem, que avisou que chegava hoje. Chegado ao largo da biblioteca, um café. Conversar com a senhoria sobre o problema do gás cortado e começar a engendrar um plano para ir ver o Benfica. Falta-me lume (era a parte do tudo que não tinha) e mato dois coelhos e meio de uma cajadada (tentei matar quatro, mas estava claramente a abusar da sorte). 1. – Quiosque do largo comprar fósforos. Check. 2 – Levantar um bocado o Record para ver na capa d’A Bola (que estava por baixo) as horas a que dá o Benfica. 8 e 15. Check. 3 – Perguntar pela Casa do Benfica. Indica-me a direcção. Meio-check, já estivemos mais longe. 4 – Tentar comprar o El País. Não tem. Mas diz que o quiosque ao pé das caldas costuma receber. É o mesmo a que perguntei ontem se tinha. Enfim. Na mesma.
Caldas. Compro o El País. Noto que é a edição galega, e não a internacional. Não importa, cobra-me o euro e meio na mesma. Cabrãozito. Olha e se eu fosse ler isto para as buvetes e bebesse uma daquelas aguinhas quentes da terra? Dito e feito. No caminho, três velhas num banco de jardim falam (queixam-se) e a última frase que oiço é “E ainda dizem que há crise!” É a rir-me que entro naquela abóboda ao ar livre e peço um copo de água. Passou-me pela cabeça que isto a primeira vez que cá vim lembrou-me o oito e meio (ou seria a Dolce Vita?) Será isto o que chamam uma meta-recordação? Será que isto tem nome?
O Babélia está fixe. O grande tema é a Literatura Televisiva. Estes gajos são mesmo groupies do The Wire, foda-se. Enfim, vou tentar ver outra vez o primeiro episódio a ver se não me dá a soneira da última vez.
Bebi lá o Geist des Erdes (ou lá como é que isto se escreve. Como é que isto se escreve? Como eu quiser que fui eu que inventei? Quer dizer, escrever escreve-se assim, eu é que não sei se Erde é masculino e se faz genitivo assim. Merda, tou-me a lembrar do Mahler. Das Lied von der Erde, não era? Von é praí dativo (estes gajos não têm ablativo, mas o que é que isso importa?) e se é dativo e é der, masculino não é. Deve ser feminino. A Mãe-terra, né? Epá mas isso não quer dizer porra nenhuma, Sol é feminino e a Lua é masculino (não sei porque é que lhe chamam femininos masculinos e neutros, deviam chamar-lhe subgrupos de declinação um, dois e três. Esta merda não tem nada a ver com nada pá.) Portanto isto ou é Geist des Erdes ou Geist der Erde ou Geist von der Erde ou uma merda assim. Vai-se a ver e depois desta merda toda é masé Erdegeist ou uma merda assim e eu fico aqui a fazer figura de urso (ao escrever enganei-me e isto tava a escrever ruso – figura de russo também faz sentido e é bem curioso sim senhor. De que é que eu estava a falar? Ah, fechar parêntesis.)
Ainda aconteceu um colhão de coisas que não sei se vou contar. Esta merda do alemão anda-me a foder os cornos e eu aqui não tenho net (tou a escrever e Word e depois fiz copy-paste… epá não interessa). Isto em Chaves é de dizer que não se pergunta a um grupo de 4 tipos de meia idade onde é a casa do Benfica que falam os quatro ao mesmo tempo e eu fico sem perceber nada do que estão práli a dizer. A senhora da tabacaria refere-se ao produto que me está a vender como “essa merda” (como em “não sei onde está essa merda” e “não sei qual é o preço desta merda”) e o bar de putas brasileiras aqui do sítio é ao lado da Casa do Benfica. Estou só a dizer, caso algum de vocês esteja interessado nos serviços da gorda ou da desdentada, como eu as baptizei, aqui de mim para mim. Pelo meio escrevi um textinho em inglês a ver se me publicam lá nos states. Em português o pessoal só lê blogues e está muito contente com a sua vidinha.
Nota posterior: O Benfica perdeu. Filha da puta.
Uma resposta a todos os que se põem a questão "Serei gay?"
P.S.: (Os blogues têm Post Scripti? O plural de Post Scriptum é Post Scripti? Porque é que não utilizamos o acusativo para os nomes em latim?) Já não me lembro do que ia escrever.
Quer sublinhar livros sem modificar o seu valor de revenda?
Robert Shea e Robert Anton Wilson:
Celine reared back as if I had waved offal under his nose. "Objectivists?" he pronounced the word as if I had accused him of being a child molester. "We're anarchists and outlaws, godamm it. Didn't you understand that much? We've got nothing to do with right-wing, left-wing or any other half-assed political category. If you work within the system, you come to one of the either/or choices that were implicit in the system from the beggining. You're talking like a medieval serf asking the first agnostic whether he worships God or the Devil.
Digo sem modificar e não sem reduzir porque se você é uma pessoa que se chama pessoa basta aparecer lá num baú um Mallarmé com duas ou três palavras sublinhadas - porque você, por exemplo, as foi ver depois ao dicionário - e o valor de revenda upa upa. Mas upa upa upa.
Este gajo, pá.
Cabrão, pá.
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Os líderes mundiais
O Presidente dos Estados Unidos, o Premier da União Soviética e o Secretário Geral do Partido Comunista Chinês:
He was harassed, but still he spoke with authority. He was, in fact, characteristic of the best time of dominant male in the world at this time. He was fifty-five years old, though, shrewd, unburdened by the complicated ethical ambiguities which puzzle intelectuals, and had long ago decided the world was a mean son-of-a-bitch in which only the most cunning and ruthless can survive. He was also as kind as possible for one holding that ultra-Darwinian philosophy; and he genuinely loved children and dogs, unless they were on a site of something that had to be bombed in the National Interest. He still retained some sense of humour, despite the burdens of his almost godly office, and, although he had been impotent with his wife for nearly ten years now, he genreally achieved orgasm in the mouth of a skilled prostitute within 1.5 minutes. He took amphetamine pep pills to keep going on his grueling twenty-hour day, with the result that his vision of the world was somewhat skewed in a paranoid direction , and he took tranquilizers to keep from worrying too much, with the result that his detachment sometimes bordered on the schizophrenic; but most of the time his innate shrewdness gave him a fingernail grip on reality.
Pois é assim, mesmo assim, em sítios diferentes do texto. Isto tem tudo que ver com uma ilhota chamada Fernando Pó (não se preocupem, as instruções estão incluídas desde que saiba navegar um Atlas).
P.S.: Esqueçam a nota anterior. Agora há google coiso, o que significa que vocês são todos uns grandas cartógraphos.