segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Chaves I

Pois é, Chaves. E perguntam como é um domingo em Chaves? Eu conto-vos do meu Domingo em Chaves. Levantar de manhã (não muito de manhã, mas de manhã. Aí às 10 e pouco) e tomar um pequeno almoço do que praí houver (uma fatia de folar de Chaves, no caso) beber água (não há mais nada, ainda não tenho frigorífico) num copo que ontem foi utilizado para beber absinto. Não há de ser nada, é uma concentração homeopática e serve para dar o doce de que necessitam as bebidas consumidas pela manhã. Abrir a janela e olhar o vale do Tâmega, enquanto se usa o parapeito como suporte (ainda não tenho mesa). Dia bonito. Ver se temos tudo (como mais tarde se verá, não tínhamos) e descer en ville.

As missões para hoje (além de tomar café e comer quando se tiver fome) são as seguintes: descobrir onde é e a que hora joga o Benfica (refiro-me, é claro, à Casa do Benfica do Alto Tâmega) e comprar o El País de ontem, que avisou que chegava hoje. Chegado ao largo da biblioteca, um café. Conversar com a senhoria sobre o problema do gás cortado e começar a engendrar um plano para ir ver o Benfica. Falta-me lume (era a parte do tudo que não tinha) e mato dois coelhos e meio de uma cajadada (tentei matar quatro, mas estava claramente a abusar da sorte). 1. – Quiosque do largo comprar fósforos. Check. 2 – Levantar um bocado o Record para ver na capa d’A Bola (que estava por baixo) as horas a que dá o Benfica. 8 e 15. Check. 3 – Perguntar pela Casa do Benfica. Indica-me a direcção. Meio-check, já estivemos mais longe. 4 – Tentar comprar o El País. Não tem. Mas diz que o quiosque ao pé das caldas costuma receber. É o mesmo a que perguntei ontem se tinha. Enfim. Na mesma.

Caldas. Compro o El País. Noto que é a edição galega, e não a internacional. Não importa, cobra-me o euro e meio na mesma. Cabrãozito. Olha e se eu fosse ler isto para as buvetes e bebesse uma daquelas aguinhas quentes da terra? Dito e feito. No caminho, três velhas num banco de jardim falam (queixam-se) e a última frase que oiço é “E ainda dizem que há crise!” É a rir-me que entro naquela abóboda ao ar livre e peço um copo de água. Passou-me pela cabeça que isto a primeira vez que cá vim lembrou-me o oito e meio (ou seria a Dolce Vita?) Será isto o que chamam uma meta-recordação? Será que isto tem nome?

O Babélia está fixe. O grande tema é a Literatura Televisiva. Estes gajos são mesmo groupies do The Wire, foda-se. Enfim, vou tentar ver outra vez o primeiro episódio a ver se não me dá a soneira da última vez.

Bebi lá o Geist des Erdes (ou lá como é que isto se escreve. Como é que isto se escreve? Como eu quiser que fui eu que inventei? Quer dizer, escrever escreve-se assim, eu é que não sei se Erde é masculino e se faz genitivo assim. Merda, tou-me a lembrar do Mahler. Das Lied von der Erde, não era? Von é praí dativo (estes gajos não têm ablativo, mas o que é que isso importa?) e se é dativo e é der, masculino não é. Deve ser feminino. A Mãe-terra, né? Epá mas isso não quer dizer porra nenhuma, Sol é feminino e a Lua é masculino (não sei porque é que lhe chamam femininos masculinos e neutros, deviam chamar-lhe subgrupos de declinação um, dois e três. Esta merda não tem nada a ver com nada pá.) Portanto isto ou é Geist des Erdes ou Geist der Erde ou Geist von der Erde ou uma merda assim. Vai-se a ver e depois desta merda toda é masé Erdegeist ou uma merda assim e eu fico aqui a fazer figura de urso (ao escrever enganei-me e isto tava a escrever ruso – figura de russo também faz sentido e é bem curioso sim senhor. De que é que eu estava a falar? Ah, fechar parêntesis.)

Ainda aconteceu um colhão de coisas que não sei se vou contar. Esta merda do alemão anda-me a foder os cornos e eu aqui não tenho net (tou a escrever e Word e depois fiz copy-paste… epá não interessa). Isto em Chaves é de dizer que não se pergunta a um grupo de 4 tipos de meia idade onde é a casa do Benfica que falam os quatro ao mesmo tempo e eu fico sem perceber nada do que estão práli a dizer. A senhora da tabacaria refere-se ao produto que me está a vender como “essa merda” (como em “não sei onde está essa merda” e “não sei qual é o preço desta merda”) e o bar de putas brasileiras aqui do sítio é ao lado da Casa do Benfica. Estou só a dizer, caso algum de vocês esteja interessado nos serviços da gorda ou da desdentada, como eu as baptizei, aqui de mim para mim. Pelo meio escrevi um textinho em inglês a ver se me publicam lá nos states. Em português o pessoal só lê blogues e está muito contente com a sua vidinha.

Nota posterior: O Benfica perdeu. Filha da puta.

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